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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Capítulo 01 – O Chip Tecnocrata (Parte 6)

Parte 6
            Por ser 7:30 a praça em frente à prefeitura não estava tão movimentada. Enquanto Calu seguia aquela pessoa de branco viu um rosto conhecido indo em sua direção. Era Leonardo seguindo um homem totalmente de preto, com um aspecto tão sombrio quanto a noite.

            Então ele também foi chamado. Provavelmente Leonardo pensou o mesmo que Calu.
            A Capela ficava no meio da praça, bem abaixo deles. Eles se aproximavam cada vez mais da entrada até Calu interrompeu o silencio que reinava entre os quatro:
            - Vai entrar todo mundo junto nisso aí?
            - Temos que ser rápidos, ninguém pode nos ver. Você sabe disso – respondeu o sujeito todo de branco
            E como sei...
            A cabine telefônica era desconfortável para duas pessoas, que dirá para quatro... Então tudo escureceu. A queda durou cerca de três segundos, como sempre. Ao saírem da cabine dentro da capela o costumeiro aroma de terra tomou conta do ar. Leonardo se sentiu em casa.
            Os dois estranhos, o de preto e o de branco, começaram a caminhar em direção ao final do corredor, onde uma parede de blocos bloqueava a passagem. Leonardo e Calu começaram segui-los, e alguns metros a frente Sushi e Mag juntaram-se a eles.
            O grupo foi então reduzindo sua velocidade e à medida que se aproximavam a parede em sua frente ia se abrindo, revelando uma enorme sala escura em seu interior.


Continua...

Capítulo 01 – O Chip Tecnocrata (Parte 5)

Parte 5
            Estavam todos convocados, agora era só esperar os outros chegarem à Capela. Mag e Sushi se encontraram no refeitório: um lugar morto, com duas grandes mesas desbotadas percorrendo sua grande extensão, um freezer velho manchado de amarelo, um fogão de seis bocas tão velho quanto os outros móveis e alguns armários de madeira que faziam todo o ambiente cheirar mofo.
            Mas mesmo assim o café da manhã era atraente: frutas, suco, pão, manteiga e leite. Mag pegou um copo de suco e um pão com manteiga, Sushi comeu apenas uma maçã.
            - O que será que o Mestre tem pra nós? – disse Mag enquanto se preparava para mais uma mordida em seu pão.
            - Não sei, e estou com um pouco de receio do que possa ser...
Mas que covarde, pensou Mag tentando esconder seu próprio medo. Levantou da mesa e saiu do refeitório.


Continua...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Capítulo 01 – O Chip Tecnocrata (Partes 1 a 4)

Parte 1
            Era sete da manhã mas o Sol já dava o ar de sua graça na cidade de Mazyr, Bielorrusia. Leonardo, por ser um dos principais médicos da cidade, já estava acostumado a acordar com o telefone tocando logo pela manhã. Mas não se lembrava de ter alguma vez acordado esse horário com o interfone tocando incessantemente.

            Atendeu com a voz tomada pelo sono e não gostou do mau-humor presente na voz do outro lado.
            “O Mestre precisa de você na Capela, agora!”
            Mas que merda. Não esperava ser acordado tão cedo, ainda mais pra ir à Capela... O que estava acontecendo?
            “Só um segundo, eu já vou.”
            Esse ‘um segundo’ demorou cerca de quinze minutos: tempo para lavar seu rosto, trocar de roupa e comer um pedaço de pão.
            A pessoa que o esperava no portão de sua casa deixou-o intrigado: era um homem, alto e forte o suficiente para por medo nas pessoas ao seu redor, vestido totalmente de preto, o que o deixava com um ar ainda mais sombrio... Mal sabia Leonardo que ele se tornaria um de seus melhores amigos no futuro.


Parte 2
            Calu talvez preferisse acordar com um belo café da manhã à sua espera, mas morando sozinho isso seria quase impossível. Acordou com aquele barulho de alguém batendo palma de um modo tão forte que o fez quase sair e atirar na pessoa, sem ao menos perguntar.
            Ao invés disso empunhou sua Glock9mm e foi até a porta:
            “Quem é?”
            A voz do outro lado soou calma, porém objetiva:
           “O Mestre precisa de você na Capela, agora!”
            Calu se animou com o pedido do Mestre, fazia tempo que ele não dava uns tiros. Mas logo após a animação deu lugar à preocupação, o Mestre nunca havia o chamado com tanta urgência.
            “Preciso me trocar, você me espera?”
            “Sim.”
            Talvez ele preferisse um ‘sim’ mais amistoso, mas aquele forçado serviu para Calu demorar dez minutos até sair.
            O homem que o esperava não tinha um sorriso no rosto, mas passava uma estranha sensação de leveza. Talvez fosse pela sua roupa branca, ou então pelo seu ar jovial. Calu não sabia ao certo.


Parte 3
             Não era confortável dormir naquela cama de solteiro da Capela, Sushi sabia disso desde quando chegou à cidade. Mas por ser um monge, não encontrou lugar melhor para ficar.
             Acordou com as batidas na sua porta e a voz grave do outro lado:
             “Reunião na sala do Mestre”
             Sentou na cama, tentou se concentrar para uma meditação, mas percebeu que não tinha tempo quando bateram novamente na sua porta. Mas que droga.


Parte 4
             A Capela era mesmo um centro de apoio para magos em qualquer ocasião, Mag descobriu isso quando perdeu o emprego e junto dele o lugar onde morar. Foi acolhido da forma mais amistosa possível pelo Mestre.
             Nunca ninguém havia atrapalhado seu sono. Até hoje. As batidas na porta estavam frenéticas e as palavras foram claras:
             “Reunião na sala do Mestre”
             Mag não sabia se ficava preocupado com a reunião de urgência ou animado por até que enfim poder mexer seu corpo, que só engordava naquela Capela.
             Sentou na cama, tentou refletir sobre o que o mestre podia estar querendo, mas o sono não ajudava. Foi então se trocar.


Continua...